17 novembro, 2017

A vida de muitos, retratada nestas paredes.

 
O meu avô era pescador.
E eu era maluca por ele.
Ele era um homem bruto, mais frio, era um homem à antiga, mas fazia tudo por nós. Por mim e pelo meu irmão. Estava sempre lá.


Ia levar-nos, ia buscar-nos à escola, dava-nos dinheiro para gomas e deixava-nos ver sempre os bonecos na televisão: O "Doraemon" (quem se lembra?)  
Então não vos vou mentir, sempre que passo de carro nestas ruas fico como parada no tempo, pois elas para além de retratarem a vida de muitos dos nossos Algarvios (neste caso Olhanenses), vidas de mar, também retratam as tascas e os infinitos copos de vinho que a malta bebe especialmente depois de se reformarem do mar.
O meu avô as 5h00/6h00 da manhã, todos os dias religiosamente estava com o cu fora da cama para ir para a "tasca", e eu fui tão feliz sempre que por volta das 10h00 da manhã o ia buscar a pedido da minha avó pois ela dizia que ele a mim me obedecia, uma pirralha de 10-11-12 anos, de mão na anca, lá entrava na taberna e o trazia para casa. 
Mal me via dizia logo: "queres beber um sumol filha?"
Ou seja andava eu a passear de carro com os meus pais quando...... tivemos de parar o carro e contemplar mais um pouco estas paredes pintadas que tanto nos retratam.... a todos nós.  

No meu caso, viajo para há 18 anos atrás onde só queria andar atrás dos meus avós de manhã à noite.





Cidade de Olhão- Algarve - Nov 2017.


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